UE 50 anos: crise econômica, separações e desgaste político
Mais de cinco décadas
depois de estabelecidos os ideais da atual União Europeia pelo Tratado de Roma
para a integração socioeconômica do Velho Continente, o bloco passa por período
de desgaste nas relações internacionais e de crise nos setores produtivos e de
serviços gerando altos índices de desemprego nos países-membros e de recessão
econômica.
Apesar das tentativas de
unificação do bloco, consolidando um mercado comum forte, competindo com
potências mundiais como Estados Unidos e Japão e para manter posição perante o
crescimento de países em desenvolvimento como Brasil, China e Índia, a União
Europeia foi abalada com a crise financeira mundial iniciada há cinco anos em
que grande parte da população americana perdeu sua moradia e seu emprego.
Mesmo que a União
Europeia tenha sido implantada pacificamente, os países-membros tiveram na
História suas fronteiras definidas não somente por acordos diplomáticos, mas
por guerras movidas pelo interesse que hoje estão acentuados: o de ter um
mercado local forte, estimulando a produção e o consumo interno e também de
alcance para países mais fracos fora do continente.
Sem mesmo ser atingido
pela crise mundial, o crescimento do bloco já se torna fragilizado por buscar
uma integração entre membros com acentuadas diversidades econômicas:
comparando-se, por exemplo, Grécia e Portugal aos ricos Reino Unido e Alemanha
ou os países do Mediterrâneo de forte influencia comercial com países de menos
expressão do leste europeu como Estônia e Polônia.
Além destas dificuldades,
a difícil superação da crise se agrava com a implantação de pacotes econômicos
estabelecidos por dirigentes representados em sua maioria por países que
formaram o bloco (Velha Europa) e deixando pouco espaço para representação dos
novos membros que também buscam atender seus interesses. Contribui para
debilitar a crise o fracasso na elaboração de uma Constituição única e o fraco
sentimento de identidade dos cidadãos que não se enxergam como
participantes/integrantes de uma potência continental, mas se veem fragmentados
por suas fronteiras.
O período de recessão em
que Espanha, Portugal, Grécia e Itália se encontram com os altos índices de
desemprego possibilita o surgimento de manifestações e greves gerais apoiadas
por partidos trabalhistas contrários às políticas adotadas pela UE. Nas ruas os
manifestantes cobram condições de subsistência, manutenção da democracia, e que
cada país tenha autonomia em suas decisões políticas voltadas às suas reais necessidades
e não submissas às nações mais ricas.
O capitalismo também passa por uma crise
sistêmica em que os blocos buscam melhor inserção, desempenho e crescimento
competitivo no mundo em que os empregos exigem mão de obra cada vez mais
qualificada, onde não é possível manter os níveis de produção para atender ao
consumo gerado pelo crescimento desordenado das metrópoles e ainda investir em
avanços tecnológicos.
A União Europeia aposta
atualmente em criar um regime de dependência entre as nações componentes do
grupo de forma impositiva com a instalação de governantes escolhidos não
somente por sua importância local, mas sim que estejam mais voltados aos
interesses dos líderes do continente.
Isto reflete no
aparecimento de movimentos separatistas na Espanha (Catalunha), Bélgica
(Flandres) e Reino Unido (Escócia) contrários às regras políticas e econômicas
impostas. Estes movimentos idealizam uma economia forte através da criação de
moedas próprias valorizadas, redução de suas dívidas e permanência no bloco
econômico com participação no poder. Mesmo havendo esforços da União Europeia para
conter a separação, que vem ganhando força, a independência dos territórios permitiria
mais desgaste ao grupo com perdas econômicas para o continente, despertaria os
demais países para uma redefinição de fronteiras por seus aspectos
territoriais, políticos, sociais e econômicos e tiraria o foco dos acordos
necessários para a superação da crise.
Bibliografia consultada
“2012: a crise americana cinco anos depois”. Carta Maior, 24 de novembro
de 2012: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5421. Página acessada em 24 de novembro de 2012.
“Vantagem
para os boys da velha Europa”. Presseurop, 23 de agosto de 2010: http://www.presseurop.eu/pt/content/article/321731-vantagem-para-os-boys-da-velha-europa. Página acessada em 24 de novembro de 2012.
“Revoluções fazem-se na rua”. Jornal de Notícias, 14 de
novembro de 2012: http://www.jn.pt/multimedia/video.aspx?content_id=2886360. Página acessada em 24 de novembro
de 2012.
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