Mercado Editorial: Livro de bolso: pagar pouco, aprender muito

Ele vai a todo lugar com você. Não requer muito dinheiro e tem conteúdo. É o livro de bolso. O formato surgiu no Brasil com a "Coleção Globo", lançada na década de 30 – mesma época em que os “pocket books” nasceram nos Estados Unidos, empobrecidos pela recessão da economia norte-americana em 1929.

Para Daniel Teodoro, professor de matemática e um assíduo leitor do formato, o melhor do livro de bolso é o seu tamanho. “Outra vantagem é que encontro para comprar esses livros na farmácia, no metrô e até no posto de gasolina”, declara Daniel. Ele também acredita que comprar três ou quatro livros pelo preço de um é o diferencial desse tipo de publicação.

A reportagem do Parada Obrigatória pesquisou os principais títulos de duas editoras em livrarias e bancas de jornal de São Paulo e concluiu que todo o catálogo de “pocket book” custa, pelo menos, a metade do preço das edições normais.


O livro de bolso é a principal forma de democratizar e popularizar os clássicos da literatura, que ainda são muito caros para o poder de compra da maioria dos brasileiros. Os livros de bolso não são direcionados a nenhum tipo de público, já que é possível encontrar desde obras de Machado de Assis às tirinhas do Hagar.

Um estudo do Departamento de Economia da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto revela que o preço médio do livro brasileiro em 2005 subiu 3,76% se comparado ao ano de 2004. Em dezembro de 2004, o custo médio de um livro era de R$ 34,07. E em dezembro de 2005 o valor chegou a R$ 35,35, o que representa 10% do salário mínimo. O departamento analisou a variação dos preços de capa de mais de 85 mil títulos de 1.236 editoras de todo o país.

Caio Donini, proprietário de uma editora e também fanático por livros, diz que compra livros de bolso essencialmente por causa do preço. “Vale lembrar também que, por serem impressos com papel jornal, eles são mais leves e assim posso levar de um lado para o outro”, ressalta Caio. Porém, o professor Daniel acredita que faltam livros desse formato com conteúdo didático e paradidático na área de matemática.

Já Caio - que geralmente lê os importados, pois, segundo ele, no exterior a cultura do "pocket book" é muito mais difundida que aqui – pensa que no Brasil os livros de bolso ainda se resumem a obras de domínio público e obras menores (entre 90 e 140 páginas). “Eu gostaria de ver autores consagrados e suas obras recentes em formato de bolso, como, por exemplo, ‘Comédias da Vida Privada’, de Veríssimo”, declara Caio.

A popularização do formato nos grandes centros do país incentiva o mercado editorial. O crescimento nas vendas despertou as editoras a investirem em novas estratégias de distribuição. Disponibilizar o livro de bolso em lugares de fácil acesso também aumentou o lucro do segmento em 20% no ano passado. A Associação Nacional de Editores de Publicações prevê que em 2006 o mercado cresça mais 20%.

Preço: diferença entre ‘normal’ e ‘bolso’ chega a 87%

A reportagem do Parada Obrigatória pesquisou em livrarias e bancas de jornal da Grande São Paulo a diferença entre o preço de diversos títulos no formato convencional e de bolso. A maioria dos títulos em tamanho reduzido custa, pelo menos, a metade do formato tradicional.

Pela Companhia das Letras, a coleção Companhia de Bolso possui entre os títulos “A jangada de pedra”, do escritor português José Saramago. Nossa equipe apurou que o livro é encontrado por R$ 44,00 na sua versão normal. Já o formato “pocket” custa, em média, R$ 19. A diferença, neste caso, é de 55,7%.

A editora L&PM possui um catálogo de livros de bolso especializado nos clássicos da literatura luso-brasileira. O romance “Cinco minutos” de José de Alencar pode ser encontrado pela metade do preço da edição normal.

Veja as editoras, títulos e descontos que você encontra no formato de bolso:

Os campeões da Companhia das Letras

Livro

Diferença de preço entre a versão normal e a de bolso

Che Guevara – a vida em vermelho (Jorge G. Castañeda)

45,9%

O povo brasileiro (Darcy Ribeiro)

49%

Clarissa (Érico Veríssimo)

50%

Nova antologia poética (Vinicius de Moraes)

50,7%

Agosto (Rubem Fonseca)

50,7%

Estação Carandiru (Dráuzio Varella)

53,1%

Entre o céu e o mar (Amyr Klink)

57,9%

O processo (Franz Kafka)

58,2%


As pérolas da L&PM


Livro

Diferença de preço entre a versão normal e a de bolso


A viuvinha (José de Alencar)

55,4%


Édipo Rei (Sófocles)

57,7%


Auto da barca do inferno (Gil Vicente)

68,4%


Discurso do método (René Descartes)

74,2%


Broqueis (Cruz e Souza)

87,5%


(09/05/2006)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Experiência de criação de página de Internet para divulgar informes sobre a Regulação Ambulatorial, Protocolos de Atendimento e oferta de vagas do Município de Guarulhos

Relato de experiência de dimensionamento populacional para unidade básica de saúde com estratégia de saúde da família

Relato da experiência com Matriciamento em psiquiatria nas Unidades Básicas de Saúde