Interfaces digitais, percepção e comunicação na mídia

Sempre pensamos que o homem domina as informações as quais está exposto todos os dias. Um considerável número de estímulos faz parte do ambiente de pessoas das mais diversas origens. Os meios de comunicação são destinados a codificar todos os acontecimentos para depois distribuí-los de forma geral, de fácil assimilação pelo maior número de receptores. Estratégias e ferramentas podem dar a esta transmissão maior segurança de que as informações atinjam ao público de forma semelhante, sem que sejam modificadas ou se percam por interferências.
A tentativa de representar o cotidiano pode, muitas vezes, se valer de critérios de seleção antes mesmo de sua disseminação. Dos critérios de seleção, os filtros naturais são os mais comuns: informações não decodificadas, ou os desvios de atenção são algumas possibilidades. Dentre os critérios não-naturais é comum observar a definição de baixo interesse social, de aspectos e convenções corporativos que possam ser abalados pela simples organização de dados em uma linha de pesquisa ou a falta de espaço para divulgação de uma informação.
Nestas situações as relações humanas são formas de expressão. As experiências de vida acumuladas pelo homem formam a base das linguagens e códigos aperfeiçoados pelos comunicadores. Assim, a questão de qual a melhor forma de captar um dado para que este tenha sentido a um senso comum encontra no cotidiano técnicas válidas. Se a comunicação é dada pelas técnicas de recepção de dados aliada a conversão dos mesmos em uma linguagem pré-estabelecida para um melhor resultado, desprezariam-se as condições dos receptores. A informação, mesmo codificada e acessível a um grupo, é processada conforme o conhecimento prévio de cada um dos envolvidos.
O chamado público-alvo é composto por indivíduos de experiências distintas por mais características afins que possuam em comum. Estas experiências de olhar a realidade estão intimamente relacionadas à atenção e percepção humana. Uma mesma informação recebida concorre com outros dados concomitantemente. As inúmeras hipóteses e sentimentos possíveis são, então, condicionados pela percepção que a eles determina valores e níveis de atenção. Um olhar condicionado pode mediar a percepção da realidade e desprezar possibilidades também importantes.
O homem está sujeito a informações em excesso: imagens, sons, sensações. E muito disto é descartado durante sem sua anuência. Ao estar inserido em diversas possibilidades, o recorte da realidade para uma verdade possível inicia a formação de conceitos distintos em cada pessoa, em cada ambiente.
Os estímulos atingem a percepção e conquistam a atenção. O impulso em vários momentos não permite que seja tomada ciência de sua existência. E, com toda a atenção dispensada, pode modificar o ambiente. Nos meios de comunicação é mais comum que as representações da realidade não vislumbrem o desenvolvimento da informação após sua transmissão e o ganho de significado dado pelo denominado receptor. Tampouco estima-se que esta recodificação possa gerar alterações de comportamento ou na cultura geral.
O escasso tempo tem sido justificativa recorrente da abstenção de se pensar como criar conteúdos os quais tenham relevância depois da recepção pelo grupo, na construção do conhecimento. As modificações e fenômenos de audiência são frutos mais do acaso do que de um planejamento organizado. E quando surgem tais fenômenos de audiência, os meios de comunicação costumam reproduzi-los. Mesmo sem entenderem porque uma apresentação para entretenimento conquista elevados índices de atenção e audiência, seus produtores e concorrentes repetem-nos à exaustão. São exemplos os programas sazonais de artes e espetáculos, o surgimento de bandas extremamente populares ou a cobertura de catástrofes e tragédias que tomam mais tempo do homem e Mantendo também o faturamento das empresas de comunicação.
Quando o modelo não traz o mesmo resultado, algumas vezes também é desprezada uma pesquisa para contemplar o ocorrido. Novos fenômenos surgem espontaneamente ou são criados como uma indústria, mas de informação.

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