Educação Permanente com Agentes de RH do Departamento da Região de Saúde III do Município de Guarulhos

RESUMO
Os servidores que atuam como administrativos dos departamentos e unidades de saúde desconhecem as rotinas e fluxos de trabalho das equipes de suas unidades adotando procedimentos repassados entre trabalhadores que repetem estas atividades sem oportunidade de refletirem sobre sua atuação. Estes profissionais têm dificuldade de entenderem-se como integrantes do trabalho em saúde embora atuem nos serviços de saúde. Verifica-se a necessidade dos mesmos articularem as políticas de recursos humanos em apoio aos gestores, aperfeiçoem os processos de trabalho com a descentralização da gestão do trabalho no território. Ainda sensibilizar estes administrativos que têm sua produtividade reduzida e sentem-se desmotivados por realizarem atividades fragmentadas sem entendimento de todo o processo. Implantamos um processo de formação do agente de RH através das metodologias ativas com discussões do trabalho para fortalecer a interlocução entre as equipes das unidades, formando uma rede de RH.

PALAVRAS-CHAVE
educação permanente, recursos humanos, significação do trabalho, agente de RH

INTRODUÇÃO
A Secretaria de Administração e Modernização instituiu a figura do Agente de Recursos Humanos no âmbito da administração, através da Portaria n° 092/2006-SAM. A criação deste novo ator teve como objetivo um modelo de gestão baseado na descentralização, agilização dos processos e na qualidade da comunicação interna que visa tornar os procedimentos administrativos mais eficazes. Embora participem de capacitações, parcela significativa destes servidores demonstra desconhecimento de rotinas e fluxos próprios à sua atuação e tendem a reproduzir procedimentos ineficazes e sem critérios bem definidos. Observam-se dificuldades na percepção de pertencimento à equipe de saúde, como membro protagonista, reconhecendo-se como servidor da saúde.

OBJETIVOS
Proporcionar espaços de discussão relacionados à gestão do trabalho e educação em saúde nos Departamentos e Equipamentos de Saúde pertencentes à estrutura administrativa do Departamento da Região de Saúde III. Possibilitar momentos de reflexão, significação e ressignificação do trabalho em saúde para o servidor na área de recursos humanos, especificamente o agente de RH. Formação de agentes de RH mais resolutivos, capazes de sanar dúvidas nas próprias unidades e consequentemente reduzir a demanda e contatos diversos com as sedes administrativas às quais estão vinculadas. Qualificar a atuação dos Agentes de RH da rede de saúde nos processos de trabalho alinhados com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).

METODOLOGIA
A metodologia utilizada é a da aprendizagem baseada em problemas e da aprendizagem significativa que agregam instrumentos e estratégias que possibilitam espaços democráticos de diálogo e compartilhamento de saberes produzindo uma síntese dos conhecimentos do grupo propicia a construção coletiva no modo de produzir saúde. O processo ensino-aprendizagem ativo possibilita a apreensão de novos conhecimentos; promovendo desta forma a implementação de processos de Educação Permanente em encontros periódicos (bimestrais) dos Agentes de RH das unidades de saúde e da sede do Departamento da Região de Saúde III. Nos encontros são discutidos os processos de trabalho com metodologia construtivista em que os servidores reunidos em pequenos grupos reflitam sobre suas práticas a partir de um tema escolhido previamente para a pauta de reunião. Podem ser utilizados pequenos textos, músicas, relatórios ou vídeos como disparadores de reflexão e discussão.

RESULTADOS
Exemplificamos reunião de 28/10/2015 realizada na Sede do DRS III em que na pauta estava prevista a discussão do novo método sendo avaliada positivamente pelos participantes presentes. Na dinâmica realizada, os administrativos apontaram em tarjetas assuntos que desejariam maior aprofundamento e orientações, depois agrupadas em temas e cada participante votando em dois temas. O controle de ponto eletrônico (15 pontos) e o retrabalho/padronização dos fluxos (8 pontos) foram temas com maior quantidade de votos, conforme figura 1.


Figura 1 - Tarjetas agrupadas com temas discutidas pelos administrativos presentes em reunião de 28/10/2015.

Ao final da reunião foi aplicada enquete com participação voluntária dos presentes com questões sobre duração das reuniões e compromisso com a agenda e quesitos sobre a pertinência dos temas e aproveitamento pelos agentes de RH, disponíveis no Anexo I. Nas 13 respostas coletadas, 92,3% indicam que os participantes valorizaram agenda, 84,6% que a reunião teve duração adequada, a maioria aponta que os itens pauta, aplicabilidade à rotina, conhecimentos e facilidade de entendimento sobre os temas são pertinentes ou estão alinhados com a rotina. A maioria também assinala que foi possível obter novos conhecimentos, didática utilizada, comunicação objetiva, assimilação dos assuntos pelos demais participantes, aplicação prática, relação com os demais agentes e auto avaliação de sua participação foram boas ou excelentes, conforme gráficos de resultados no Anexo II. Como comentários deixados destacamos que a reunião é oportunidade de aproximação dos colegas; construção de conhecimento através de estratégias de otimização de rotinas; gestão do conhecimento.

CONCLUSÃO
Nas falas dos participantes evidenciamos que o projeto pode proporcionar-lhes possibilidades de ressignificações dos processos de trabalho em saúde, tendo sempre em vista a indissociabilidade entre as vertentes Educação, Gestão e Assistência a fim de construir um SUS mais forte, eficiente e humano.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBRECHT, LD; KRÜGER, V. Metodologia tradicional x Metodologia diferenciada: a opinião de alunos. Encontro de Debates sobre o Ensino de Química, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2013.
CECCIM, RB. Educação Permanente em Saúde: descentralização e disseminação de capacidade pedagógica na saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, dez. 2005.
CYRINO, EG; TORALLES-PEREIRA, ML. Trabalhando com estratégias de ensino-aprendizado por descoberta na área da saúde: a problematização e a aprendizagem baseada em problemas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, jun. 2004.
FARIAS, PAMD; MARTIN, ALDARM; CRISTO, CS. Aprendizagem Ativa na Educação em Saúde: Percurso Histórico e Aplicações. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 39, n. 1, p. 143-58, 2015.
MARIN, MJS et al . Aspectos das fortalezas e fragilidades no uso das metodologias ativas de aprendizagem. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 34, n. 1, mar. 2010.
MITRE, SM et al . Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 13, supl. 2, dez. 2008 .
RIBEIRO, ECO; MOTTA, JIJ. Educação permanente como estratégia na reorganização dos serviços de saúde. Divulgação em Saúde para Debate, Rio de Janeiro, n. 12, p. 39-44, jul. 1996.

Acesse o trabalho completo (PDF)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

“Os próprios japoneses não preservam a tradição”, afirma imigrante

Os Admiráveis